O texto abaixo é resultado do "Laboratório de Criativação" do Senai Cetiqt, que participei em setembro, como parte do lançamento do Diário de Inspirações para o Design de Moda - Verão 2010/2011. (O catálogo é maravilhoso!!!)
O laboratório previa trabalhar planejamento de coleção. Fiz dupla com minha amiga Paloma, da marca Mucha e simulamos uma única marca, já que nossas marcas falam a mesma língua.
O primeiro passo consistia em criar um painel com colagens definindo a nossa personagem, nosso público alvo;
O segundo passo era descrever essa personagem em texto, de forma que criamos a Olívia, a mulher da nossa marca. (não é um nome romântico?);
O terceiro passo era escolher um local turístico da cidade como argumento atrativo da coleção e criar novo painel e um texto que dissesse desse lugar algo que o tornasse sedutor aos olhos de nosso cliente;
E o quarto passo era desenhar uma mini-coleção, tendo como foco o público-alvo, ou seja, a nossa Olívia e como tema o lugar escolhido.
Ao invés de um painel que falasse do lugar que escolhemos, preferimos fazer um postal para a nossa amiga Olívia e, falamos, através desse postal do
Borboletário do Mangal das Garças, um belo parque ecológico de Belém. O resultado está abaixo. Infelizmente, não tenho os desenhos da coleção aqui comigo,mas foram roupas românticas, com laços e detalhes que fazem referências às asas de borboletas em vestidos e batas muito líricas.
Descrevendo a personagem:
Olívia é uma mulher fascinante: madura, mas com certa meninice e inocência em suas atitudes, que entretanto, lhe conferem todo o seu “sexy apeal”.
Sim, Olívia é sexy! Como não sabe ser de outro jeito (aquele jeito de ser sexy e provocante que a maioria das mulheres e também dos homens acreditam que é ser sexy), ela tira proveito do jeito que sabe ser e explora todo o potencial de seu gestual delicado: extremamente meiga, educada, bem humorada e com certo olhar e sorriso maroto de menina descobrindo as maravilhas do mundo, não importa em que mundo esteja. Porque Olívia, além de tudo e apesar de determinada na vida, é uma mulher sonhadora e não é difícil encontrá-la com os pés descolados do chão, seja pelo romance que esteja lendo no momento, seja imaginando a viagem das próximas férias ou mesmo fantasiando seus desejos mais íntimos. E são os sonhos que a movem verdadeiramente. E como tem alma de menina, carrega consigo as dúvidas e paixões da juventude.
É uma mulher culta e informada. Gosta de arte, cinema e literatura e quando pode, vai a concertos eruditos. Entretanto, consegue gostar de boa música pop e comédia romântica na mesma proporção. Acha a vida sem graça sem que possa rir de si mesma. Tanta flexibilidade permite com que ela se relacione com facilidade em diversos meios sociais, sempre com desenvoltura e muita simpatia. Não é do tipo hiper-mega-ultra popular, mas é um tipo que as pessoas tem prazer em ter por perto, não só na hora de diversão: Olívia é a amiga que tem sempre uma palavra de conforto e se lhe faltam as palavras, há sempre um gesto, um se fazer presente que não passa despercebido.
Delicadeza, respeito, sonhos e amor são palavras que orientam a sua vida e seu jeito de ser no mundo. E essa atmosfera também imprime o modo de morar e suas preferências de lazer. Gosta de ambientes aconchegantes. Assim, lojas, livrarias e restaurantes com layout do tipo “mi casa es su casa” são a sua melhor opção. Sua casa mistura, com harmonia, objetos de design contemporâneo e decoração com certo perfume retrô. Ela detesta ambientes comprados prontos ou montados inteiramente por um decorador, sem a identidade do seu dono. Ela também guarda uma caixa com acessórios que herdou de sua avó ou que garimpa em brechós, mas que não ficam guardados... em algum momento vão compor o “look” romântico-contemporâneo que ela tanto gosta e no qual se sente mais confortável e sexy.
Um de seus programas preferidos é um improvisado “petit-comité” na casa das amigas, desses de se passar horas falando, bebericando e “comericando” até se esgotarem todos os assuntos femininos, do esmalte da moda até a última transa em que foi nas nuvens com o príncipe da vez.
Ela é design gráfico de uma importante editora e é bem sucedida profissionalmente, mas não ostenta luxo pelo luxo apenas. Tem fascínio por viajar e aprecia tanto um lugar mais rústico, porém aconchegante, como as pequenas cidades mineiras, como ir à Paris no verão. Mas o mais importante é poder compartilhar desses momentos com as pessoas que ama.
Olívia é uma mulher muito prática, que e usa a tecnologia de forma consciente e funcional. Não é consumista, do tipo que compra compulsivamente, mas é capaz de se derreter de paixão diante de um sapato ultra lindo e diferente numa vitrine e ficar de bolsos vazios!
Cartão postal: Borboletário do Mangal das Garças -Belém-PA
Querida Olívia,
Que maravilha saber que você vem à Belém! É uma cidade cheia de encantos e apesar do calor, tenho certeza que você nunca mais vai esquecer os perfumes, as cores, os sabores e, quem sabe, os amores daqui. Haverá de ter cuidado para não se deixar enfeitiçar pelo boto!
Não podes deixar de ir ao Mangal das Garças, um parque ecológico belíssimo à beira da Baía do Guajará. Lembre-se de reservar um tempo para aproveitar a brisa à beira do rio. O por-de-sol no píer é encantador!
É claro que uma parada para um drinque e um bom pescado com iguarias típicas preparado pelo melhor chefe da cidade no charmoso restaurante Manjar das Garças não pode faltar nesse roteiro. Ainda mais se você estiver acompanhada! Ulalá!
Mas vou confessar: o que mais me lembra você nesse lugar mágico é o borboletário, porque é latente a memória de nossa fascinação juvenil pelas borboletas: os diários, cujos registros de nossos amores de adolescentes sempre decorados e simbolizados por desenhos de borboletas; a primeira tatuagem, discreta e pequenina... Isso sem falar de toda a metáfora que as fases da borboleta pode significar no contexto dos longos anos de nossa amizade.
Ah, recordar é viver! E sei que você vai entender essa minha nostalgia repentina quando estiver lá dentro do borboletário do Mangal das Garças. É apaixonante ver dezenas de borboletas voando ao redor como num balé improvisado. Além disso, a biologia das borboletas é fantástica! No Mangal existe uma curiosa estrutura e tecnologia para fazê-las procriar e para mantê-las vivas e, nesse mormaço constante de Belém, as borboletas passam melhor que a gente, porque até ar condicionado tem especialmente para elas! Algumas espécies não vivem mais que 48 horas.
Lembro que certa vez, você, apaixonada por um rapaz que não lhe dava bola, enviou anonimamente para ele uma história que encontrou em um livro de fábulas, cuja borboleta se apaixonou por um beija-flor e, estando ela em suas últimas horas de vida e cansada de esperar pelo amor do pássaro, decidira que, se morrer era inevitável, que morreria então por amor e, então, pôs-se no caminho do vôo de seu amado, que a atravessou de morte com seu bico afiado, em pleno vôo veloz. E então, a borboleta morreu feliz!
Até hoje me encanta essa história e é impossível não lembrar de você em meio a tantas borboletas no Mangal das Garças. Acho que você vai cair de amor pelo borboletário, onde também convivem em harmonia alguns beija-flores.
Então, não se demore em vir. Há um mundo novo para você descobrir pelas bandas de cá. Não esqueça a máquina fotográfica. Belém te espera de braços abertos!
Beijos,