domingo, 20 de junho de 2010

Pensamento recorrente

Durante anos ao menos uma vez por ano eu leio e releio este texto (de um dos meus autores prediletos) e não me canso. É como se fosse um reencontro comigo mesma. É um olhar pra dentro e pra fora também. E cada vez que eu o leio, reencontro dentro de mim os meus verdadeiros amigos.

Eu gosto de ter amigos, eu gosto de fazer amigos e de cuidar disso pro resto da vida. Por isso eu não acredito em amizade em que não haja respeito (leia-se: colocar-se sempre no lugar do outro) e demonstração de afeto. Não acredito em relação oportunista (embora uma vez outra um amigo nos possa ser útil e oportuno, ô!). Eu só acredito na minha intuição. Às vezes ela falha. Paciência.
Aos novos que chegam: eu sou isso, é só regar. A minha velha guarda, é isso: eles me guardam e eu os guardo.
Beijos,
Sil.

Amizade (Rubem Alves)

Lembrei-me dele e senti saudades... Tanto tempo que a gente não se vê! Dei-me conta, com uma intensidade incomum, da coisa rara que é a amizade. E, no entanto, é a coisa mais alegre que a vida nos dá. A beleza da poesia, da música, da natureza, as delícias da boa comida e da bebida perdem o gosto e ficam meio tristes quando não temos um amigo com quem compartilhá-las. Acho mesmo que tudo o que fazemos na vida pode se resumir nisto: a busca de um amigo, uma luta contra a solidão...

Lembrei-me de um trecho de Jean-Christophe, que li quando era jovem, e do qual nunca me esqueci. Romain Rolland descreve a primeira experiência com a amizade do seu herói adolescente. Já conhecera muitas pessoas nos curtos anos de sua vida. Mas o que experimentava naquele momento era diferente de tudo que já sentira antes. O encontro acontecera de repente, mas era como se já tivessem sido amigos a vida inteira.

A experiência da amizade parece ter suas raízes fora do tempo, na eternidade. Um amigo é alguém com quem estivemos desde sempre. Pela primeira vez estando com alguém, não sentia necessidade de falar. Bastava a alegria de estarem juntos, um ao lado do outro.

"Christophe voltou sozinho dentro da noite. Seu coração cantava 'Tenho um amigo, tenho um amigo!' Nada via. Nada ouvia. Não pensava em mais nada. Estava morto de sono e adormeceu assim que se deitou. Mas durante a noite fora acordado duas ou três vezes, como que por uma idéia fixa. Repetia para si mesmo: 'Tenho um amigo', e tornava a adormecer."

Jean-Christophe compreendera a essência da amizade. Amiga é aquela pessoa em cuja companhia não é preciso falar. Você tem aqui um teste para saber quantos amigos você tem. Se o silêncio entre vocês dois lhe causa ansiedade, se quando o assunto foge você se põe a procurar palavras para encher o vazio e manter a conversa animada, então a pessoa com quem você está não é sua amiga. Porque um amigo é alguém cuja presença procuramos não por causa daquilo que se vai fazer juntos, seja bater papo, comer, jogar ou transar. Até que tudo isso pode acontecer. Mas a diferença está em que, quando a pessoa não é amiga, terminando o alegre e animado programa, vêm o silêncio e o vazio - que são insuportáveis. Nesse momento o outro se transforma num incômodo que entulha o espaço e cuja despedida se espera com ansiedade.

Com o amigo é diferente. Não é preciso falar. Basta a alegria de estarem juntos, um ao lado do outro. Amigo é alguém cuja simples presença traz alegria, independentemente do que se faça ou diga. A amizade anda por caminhos que não passam pelos programas.

Uma estória oriental conta de uma árvore solitária que se via no alto da montanha. Não tinha sido sempre assim. Em tempos passados a montanha estivera coberta de árvores maravilhosas, altas e esguias, que os lenhadores cortaram e venderam. Mas aquela árvore era torta, não podia será transformada em tábuas. Inútil para os seus propósitos, os lenhadores a deixaram lá. Depois vieram os caçadores das essências em busca de madeiras perfumadas. Mas a árvore torta, por não ter cheiro algum, foi desprezada e lá ficou. Por ser inútil, sobreviveu. Hoje ela está sozinha na montanha. Os viajantes se assentam sob a sua sombra e descansam.

Um amigo é como aquela árvore. Vive de sua inutilidade. Pode até ser útil eventualmente, mas não é isso que o torna amigo. Sua inútil e fiel presença silenciosa torna a nossa solidão uma experiência de comunhão. Diante do amigo, sabemos que não estamos sós. E alegria maior não pode existir.

sábado, 19 de junho de 2010

Meu Caro Amigo - Chico Buarque / Francis Hime

É claro que não podia faltar neste dia um clássico, né?

Futuros Amantes - Chico Buarque

Assim, eu num guento!!

Porque hoje é o dia dele. Até o lado B é bom!

Hoje é dia de Chico! Feliz Aniversário, Chico!

Não, solidão,
hoje não quero me retocar
Nesse salão de tristezas
Onde as outras penteiam mágoa.

Deixo que as águas invadam meu rosto
Gosto de me ver chorar,
Finjo que estão me vendo.

Eu preciso me mostrar bonita
Para que os olhos do meu bem
Não olhem mais ninguém
Quando eu me revelar
Da forma mais bonita

Para saber como levar
Todos os desejos que ele tem
Ao me ver passar bonita

Hoje eu arrasei
Na casa dos espelhos
Espalho os meus rostos
E finjo, que finjo, que finjo
que não sei.

("A mais bonita". Chico Buarque, porque ninguém canta em versos a mulher tão maravilhosamente como ele!)


Obs: feliz aniversário Desirée, amiga do coração!!! A gente vai se encontrar em breve!

sábado, 12 de junho de 2010

Presenças

Lívia (saindo do desfile com a sua mochila Beatrix da coleção Amores; Haldine (sem medo de ser feliz com sua nécessaire da Pomar); Eu e Naisha, (vai uma Cerpinha aí?); Eu e Grazi (olha o passarinho!); Orlando (charlando); Eu (e meu dragão surrealista de Miró).
Lissa (e amiga): concorrente ao cartão fidelidade Mucha e Pomar; Luly e Naisha (surtando com as novidades); eu e Clóris (era Cerpinha todo dia!); Papai, mamãe e Luna + Ney Messias (dando o ar da graça); Renan e Natália (revelando a identidade secreta); Verana (nossa assitente de venda, mais que profissional e querida).
Paloma e Luna; Orlando e eu (fazendo carão); Eu e Paloma, dupla dinâmica (felizes!); Bia Galvão (desfilando seu vestidinho Mucha).

Hoje o post é pra mostrar o clima que rolou no nosso stand no Caixa de Criadores e algumas das visitinhas recebemos por lá. Foi tudo de bom!

Obs: Informo que começarei a postar no Estúdio Pomar peças que estão disponíveis para venda.
Besos,
Sil.

terça-feira, 8 de junho de 2010

ideias vestíveis: #desfile - Mix Novos Criadores

ideias vestíveis: #desfile - Mix Novos Criadores

Ser Cadi é assim...




Fotos: Renan Viana (Ideias Vestíveis)


Eu não pude assitir aos desfiles de ontem porque tive que tomar conta do stand. Mas dei uma escapadinha e assiti nas telas do lounge a um único desfile: o da Cadi. E não precisei ver mais nada!
Voltei para o stand e falei para a Paloma: "se eu não fosse a Pomar eu queria ser Cadi!". Acho que eu disse tudo, né?
Foi simplesmente lindo (desfile, coleção, trilha e clima)! Esses meninos sabem fazer bem feito, mas não é só isso: tem um "Q" a mais que eu não sei explicar, presente na marca. Eles tem esse potencial de ligar a tecla "magia". Acho que isso se deve a harmonia que há entre Mari, Isaac e Klébeson, que eles deixam transparecer em suas criações.
Assisti ao desfile sem piscar, com minha tecla "encanto" ativada, com um sorriso de apaixonada no canto dos lábios e dos olhos. Cadi me tranportou para "Entre pães, flores e cores ". Mas bem, às vezes sou mesmo intensa e me entrego perdidamente às minhas paixões e penso não pertencer a este mundo. Hoje, não quero simplesmente rasgar a seda, mas fazer jus ao talento dos meninos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Filha de peixe...


Enquanto eu testava a arrumação da arara antes de ir para o Caixa, Luna imprimia a sua própria leitura da coleção. Mostra que tem olhar. É minha filha, é minha filha!

Foto e "produção": Luna Cruz

 Foto e "produção": Luna Cruz